Poesia: A umas léguas...
Daniely Silva -
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Poesia
urbanidades
Olhei pro céu e já era tarde
Mas pior é que ainda era dia
Naquela noite esfriaria
Vi o céu recortado à parte
Percorria as várzeas da Lapa
Visualizei uma jóia rara
Mas, no que nela encostara,
machuquei-me co’ uma farpa
A água teria que baixar
O rio não tem mais margem
Fora só uma miragem
Dei-me conta ao mergulhar
O vento foi a outra direção
No silêncio das partidas
Do coração soam batidas
Às portas da estação,
via o breu sob a ferrovia:
tem que contornar por cima
Para não esquecer a rima
Os versos repetiria
Percebi ao olhar para fora
A chuva agora cessou
e logo a enchente baixou
Vou conseguir ir embora
Na Catão co’ a Rua Faustolo
William Speers e John Harrisson
Do silêncio escuto o som
Contra um pensamento tolo
Eu repensei e virei as costas
Pois nada tinha a dizer
A chuva foi pra valer
As cartas já estavam postas
Nada de olhar para trás
Adiante, um estoico semblante
O bairro está ainda distante
Faltam só umas léguas mais
Escrito em 20 de janeiro de 2025.