28 jan 2025 - Daniely Silva Crônicas
Sim, senhor, o japonês bateu no peito pra dizer que é brasileiro.
E, afinal, ele o é. Aqui vigora o jus solis para quem nasce um palmo pra dentro dos limites desta ilha mística que é Hy-Brazil. Todo país é artificial. Estado não nasce em árvore. Mas não é Brasil uma árvore?
Aquele comerciante nikkei, ao lado da anciã sua mãe, esta sim nascida talvez em Kyoto ou numa colônia puríssima em Pereira Barreto, negava-se a fazer negócio com empresas que não respeitam o nosso povo. E, aqui, com nosso, refiro-me ao povo dele e ao meu, o brasileiro.
“Eu posso ser descendente de japonês, mas eu sou brasileiro. Eles recusam nossas ideias porque só quem pode é a matriz, diz que já tem alguém capaz na França ou na Alemanha, porque, na cabeça deles, só servimos pra separar peças. E se for mulher, então… Aí é que não respeitam mesmo. Não aceito a falta de respeito com o meu povo!”
Dupla lealdade? Nada disso: mais brasileiro que muito quatrocentão por aí.
Escrito ao 1º de março de 2024.