Conto: Fila de espera
Daniely Silva -
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Contos
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O estômago pedia socorro, palpitando a cada passo pelos ladrilhos portugueses da Rua XV de novembro.
Partindo da escadaria da Catedral da Sé, duas filas: uma percorria toda a praça, atravessava o farol e dobrava a Rua Direita, enquanto a outra mal chegava à altura da Rua Barão de Paranapiacaba.
— Quanta gente faminta.
Percorreu a fila maior até o final, onde perderia com sorte, pelo menos 1 hora sob o Sol de dezembro. Notou algo estranho no perfil dos que aguardavam. Que miseráveis tão cheirosos.
— Esta é que é a fila pra pegar uma quentinha?
— Não. Pra pegar a quentinha é aquela fila pequena ali. Acho que o senhor não fica nem 10 minutos nela.
— E essa fila gigante aqui é pra quê, então?
— É Natal, sabe. Aqui é pra quem quer entregar quentinhas.
Escrito aos 28 de dezembro de 2023.