Hoje, o domínio deste site completa 2 anos no Registro.br. Escrevo isto muito inspirada na publicação de mesmo tipo de Gmgall.net, 2 Anos de Site. Curioso pensar que os nossos sites têm quase a mesma idade, porque, dado que ele me ajudou muito na criação deste, pensava que o seu fosse bem mais antigo (embora, como ele mesmo relata, o domínio já estivesse registrado há mais de 10 anos).
No meu caso, não demorei muito pra ter o site a partir do registro do domínio.
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Escrevo desde antes de saber escrever. Sim, quando criança, ditava livrinhsos às visitas que iam a casa, fossem tios ou primos, novos ou velhos; devia ser bem cansativo, mas foi estimulante para a alfabetização. Que bom que ninguém destruiu esse sonho de criança!
Eu tenho consciência da finitude. Eu sei que meu auge já passou, se eu não soubesse, virava um velho babão. E você não vai ficar linda pra sempre.
Meu padrinho falava sobre como o filme Mr. Nobody impactou sua percepção sobre a vida, no sentido de que a morte pode ser o dia mais feliz da vida de alguém, pois, ainda que traga sofrimento, também alivia sofrimentos — na verdade, ela os cessa totalmente.
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38 sextilhas no esquema de rimas ABABCC.
Giovanna é o nome dela
Ela chegou de Garanhuns
Não é conto de Cinderela
Sofrida como outros uns
Pernambucana de história
Mulher cheia de memória
*
Agora já é outro tempo
Não existe mais pau-de-arara
No Brasil sopra outro vento
O Sul o povo buscava,
à triste seca fugiam
porque a esperança não perdiam
*
Só que ainda existe muito
Quem uma nova vida busca
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Fartos d’ares infernais
Num seco ypê que perece
Cada acre galho floresce
Em meio a secas invernais
Entre a poeira que respiro
Com peito por ar sedento
Que busca lírico alento
Nas cores que me inspiro
Também a sibipiruna
Revivendo o amarelo
e colorido anelo
Sobre a passada lacuna
Lanço uma nova memória
Desta futura história
Escrito aos 9 de agosto de 2022.
Nem tudo se trata de mudança climática. E não, não sou negacionista do aquecimento global — muito pelo contrário. Mas muita impressão errada se trata apenas de falta de percepção do próprio ambiente.
Sequer ali pisou a Marquesa
de Santos e degredados
Viver na ilha dos Andrada e de Bonifácio
vendo sangues derramados tampouco foi bom e fácil
Se vossa muralha escarpada
não se é capaz de romper
O vil Afonso de Sousa
vossa servil hidrografia decapitada ousa percorrer
À orla vossos canais de Brito
ao estuário um grito de desperdício
Onde se buscam os anais
num mostruário de meretrício
Escrito aos 19 de janeiro de 2022.
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Olhei pro céu e já era tarde
Mas pior é que ainda era dia
Naquela noite esfriaria
Vi o céu recortado à parte
Percorria as várzeas da Lapa
Visualizei uma jóia rara
Mas, no que nela encostara,
machuquei-me co’ uma farpa
A água teria que baixar
O rio não tem mais margem
Fora só uma miragem
Dei-me conta ao mergulhar
O vento foi a outra direção
No silêncio das partidas
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Não adianta comprar um bom perfume. Esse perfume não foi feito pra você — ainda que tenha o dinheiro para comprá-lo. Você trabalha no Sol, pega ônibus lotado e fica andando o dia todo: não tem fragrância que agüente! Isso é pra quem anda de automóvel e vive em bolhas de ar condicionado. O marcador social dificilmente está só no preço.
Escrito em 19 de agosto de 2024.
Ao ar condicionado
Vil e aburguesado
O meu ódio eu declaro
Encerram-se numa bolha
Para o calor não há preparo
E mal á janela se olha
Se escolhe o caminho fácil
De energia a enorme gastança
e das matas a matança
Um novo prefácio:
mais criatividade
com natividade
Escrito em 27 de setembro de 2024.
Crônica inspirada nos relatos de meu tio. Gosto de escutar suas histórias, tenho compilados seus principais causos.
— Papai diz que você trabalha bem, mas que é muito amoado.
Isso dizia o filho do Geni. Nesse dia em diante, não trabalhei mais para ele. Aliás, teve só mais uma vez, na Semana Santa de 1972.
Era costume matar o boi para a Páscoa na quarta-feira ou, no máximo, na Quinta Santa.
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Como é que pode a cachaça
Ser assim tão ambivalente?
A pergunta alguém lhe faça!
É u’a bebida quente
Mas é doce ou amarga?
Ninguém resistiu
A memória apaga
Ela é do Brasil
E o Brasil é dela
É que isso a Europa não tem
Pinga sem ficar sequela:
pode ser com limão ou sem
Coisa de novela
É uma panaceia
Coisa milagrosa:
traz cada ideia…
Tão revigorosa,
tal como é sagrada
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Esse café requentado
Só tem um sabor, amargo
Quero o aroma recém-coado
Aquele, fresco e torrado
Comparado àquele olhar
Sincero e sem fingimento
Vale nada saborear
Pois só vale o esquecimento
Conforme sobe o vapor
Eu contemplo a ebulição
E respiro esse frescor
Buscando a renovação
O requentado passou
Derramado na pia,
a água já evaporou
Volta e meia até me esquecia
Do que falta de capricho
no temático afetivo
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Nunca quis tirar habilitação, mas de uns meses pra cá me deu a louca e apliquei todo o meu 13º nisso. Ainda vou começar as aulas práticas, mas estou bem tranquila quanto ao que vai ser. Meu objetivo principal é ter a possibilidade de dirigir em viagens, mas também levo em conta ter uma CNH para o caso de me mudar para alguma cidade com transporte público precário. Não pretendo usar o automóvel no dia-a-dia — aliás, nem pretendo comprar um tão cedo.
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Sim, senhor, o japonês bateu no peito pra dizer que é brasileiro.
E, afinal, ele o é. Aqui vigora o jus solis para quem nasce um palmo pra dentro dos limites desta ilha mística que é Hy-Brazil. Todo país é artificial. Estado não nasce em árvore. Mas não é Brasil uma árvore?
Aquele comerciante nikkei, ao lado da anciã sua mãe, esta sim nascida talvez em Kyoto ou numa colônia puríssima em Pereira Barreto, negava-se a fazer negócio com empresas que não respeitam o nosso povo.
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Discussão de ônibus pode durar uma viagem inteira. Aliás, se ninguém a interromper, pode durar até uma vida inteira.
Uma embarrada de mochila, uma porta fechada antes da hora, um mal entendido ou a simples loucura. “Dona, gire a catraca da próxima vez”, “Amigão, não dá pra descer pela frente porque tem fiscal ali”, e eis que explode um vulcão a dizer que o pobre trabalhador é um puxa-saco da empresa.
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Eu tentei fugir do tempo
Tanto que tanto o encontrei
Nesta sintonia eu entro
Quando ao horizonte olhei,
vi o cordão umbilical
dividindo a Terra e o céu
Acordei: ponto final
Desesperada ao léu
Após tanto passar mal
Álcool esperto e maldito
Lubrificante social
e causador de delito
Tanto que provoca dor
Cura a dita ilusão
Desse olhar tão sem cor
Sem sinal de corpos são
Separada em tantos blocos:
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Eu trabalho 6 por 1
Fujo à condução lotada
Porque saio de madrugada
Fadiga essa tão comum
Da jornada suburbana
Cansa viver nesse pêndulo
De urbanidade leviana
Habitamos solo trêmulo
Por vivências desiguais
É o preço de quem cresceu
E não se compadeceu
Ignorando os matagais
Escrito aos 22 de fevereiro de 2023.
No ponto grita o silêncio
Multidão de um só trabalhador
Estáticos na sua dor
De vultos em transe abstêmio
Olhar fixo em sua luta
Todos numa só espera
Duma estrada austera
Suportando a vil labuta
Sentindo pesar a jornada
Sem força alguma pra amar
Enorme esforço ao respirar
A existência mascarada
revela a fragilidade
do habitar esta cidade
Escrito aos 7 de julho de 2022.
Carlos só fazia beber e fumar. O pastor Jorginho tirou o Demônio do seu corpo. Muito obrigado, pastor, disse o Demônio.
Escrito aos 11 de julho de 2024.
O Auto da Compadecida 2 é o filme que ninguém pediu, mas todo mundo viu. Vale mais a pena entendê-lo como releitura que como sequência: de fato, ele não trouxe nada de novo, a não ser novos cenários e um novo contexto, mas as piadas são, num geral, as mesmas. E isso não é dizer que não tenha me divertido assistindo ao filme! Vale notar que aqui o drama é bem menos presente que no filme original.
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O RSS sempre foi algo de nicho, sobretudo num tempo em que a própria internete era um nicho. Foi uma tremenda inovação em tempos de sites estáticos “artesanais” e de conexões lentas. Imagine reunir num só lugar todos os sites e blogues, eventualmente podendo descarregar o s conteúdos para ler diretamente no agregador sem se preocupar com a conexão.
Só que a adoção do protocolo foi interrompida pelas redes sociais modernas e, em parte, pelo encerramento do Google Reader em 2013.
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Seu Deco e Seu Fernando. Não se trata de ribeirinhos porque cresceram às margens da represa, não de uma clássica ribeira brava do Amazonas. Guarapiranga: do tupi clássico, lugar dos guarás vermelhos, a ave que nasce negra como a noite e enrubesce ao longo da vida.
Ler Saramago é, para mim, uma experiência que remete à de ler a brasileira Clarice Lispector: começo com raiva por não entender nada, perdida em divagações; em seguida, começo a entender a trama e, afinal, mergulho de cabeça e me afogo ao terminar a leitura. Nem tudo precisa ser entendido, é o que sempre diz a modernista em suas obras, pois mais importante é sentir. Não sei se o português diz o mesmo, mas tenho impressão semelhante, embora o ache suficientemente menos hermético do que a sua colega brasileira.
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Numa rápida e corrida viagem pelo Cone Sul, quase me perdi conhecendo quase todas as suas capitais. Se ainda me faltam a Pacífica Santiago do Chile e la Asunción de Paraguay, não me faltam lembranças de Floripa, Buenos Aires, Montevideo, Porto Alegre e Curitiba, com direito às capitais departamental e provincial Colonia del Sacramento e Córdoba.
Deixei o Terminal Rodoviário Tietê numa noite de 2 de maio, com mochila tão pesada quanto a carga de trabalho de um ano de espera pelas férias.
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Às vezes, é preciso desacelerar e simplesmente tomar um ar. Vivemos numa compulsão pela produtividade que perpassa os vários campos das nossas vidas, até o momento em que a lógica produtiva sai de onde não deveria sair: do trabalho.
Com a Fotografia não poderia ser diferente. Nunca houve tantos fotógrafos como os há hoje. Indivíduos de todas as classes sociais levam consigo um telefone inteligente dotado de câmera e conectado à internete.
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Inté já, Candanga
À cidade que é maquete
Foi a visita de repente
Só pra ver o presidente
Que o coração nos derrete
Até logo mais, Candanga
Não mereci o seu Planalto
Tanto caminhei por alto
Pelo asfalto que me zanga
Noite fria, tarde escaldante
Enfrentando o seu Cerrado,
saí de peito amarrado
Foi u’a jornada fatigante
Mas presenciar valeu a pena
A democrática cena
11 de fevereiro de 2023
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Numa dessas anedotas que põem em dúvida a sabedoria humana, às portas de uma Zona Eleitoral, gritos enfurecidos rompiam a monotonia:
— Bolsonaro é Treze!
Como a comunicação humana é proporcionalmente limitada pela capacidade de incompreensão, pra não dizer ignorância, não muito tempo depois alguém já alegava defeito na urna eletrônica. Era uma fascista tropical de meia-idade se dirigia à mesária aos gritos fulminantes dos cabelos oxigenados que refulgiam ao Sol de outubro.
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A Felizarda, publicado em 1963 sob o título de Pedaços da Fome, mostra-se uma obra particularmente representativa da produção literária de Carolina Maria de Jesus, começando pelo fato de se tratar de um romance. Isso por que em Casa de Alvenaria (1961, reeditado em 2021), Carolina deixa explícito seu descontentamento em continuar a escrever diários.
A companhia Godrej & Boyce, a última fábrica de máquinas de escrever do mundo, teve o fechar de suas portas em 2011, em Mumbai, na Índia. O fim de uma era?
A relação de cada um com os cemitérios é sempre um caixa de surpresas: uns sentem medo, outros os veneram e outros buscam ali a paz. Essa impressão é construída não só social e culturalmente, mas depende também da história de vida e o que cada um passou nos cemitérios.
Durante minha formação, meus pais sempre tiveram um respeito exagerado com relação aos cemitérios. Após chegar em casa, sempre fui orientada a tirar os sapatos e tomar um banho, com as icônicas frases “tô com pé de cemitério” e “tô com roupa de cemitério”.
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